Quais são os transtornos de ansiedade?

Usamos a expressão TRANSTORNO DE ANSIEDADE para falar, de uma forma genérica, de quadros psiquiátricos que têm o medo e a ansiedade como sintomas nucleares, mas eles não são todos iguais.

Existem sete tipos de transtorno de ansiedade. São eles: 

1. TRANSTORNO DE PÂNICO
Mais conhecido como síndrome do pânico, esse transtorno é caracterizado pela ocorrência de dois ou mais ataques de pânico inesperados, seguidos de preocupação persistente com os ataques ou mudanças desaptativas no comportamento relacionada aos ataques. 

Ataque de pânico é um surto abrupto que pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso, em que acontecem sintomas como: 

  1. Palpitações, coração acelerado ou taquicardia
  2. Sudorese
  3. Tremores ou abalos
  4. Sensações de falta de ar ou sufocamento
  5. Sensações de asfixia
  6. Dor ou desconforto torácico. 
  7. Náusea ou desconforto abdominal
  8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
  9. Calafrios ou ondas de calor
  10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 
  11. Desrealização (sensações de irrealidade ) ou despersonalização (sensação de estar distanciando de si mesmo). 
  12. Medo de perder o controle ou enlouquecer
  13. Medo de morrer. 

Quem trabalha em serviços de emergência atende, com enorme frequência, essas pessoas. É muito comum que elas corram para o hospital achando que estão morrendo, tendo um infarto ou um derrame, principalmente nos primeiros episódios, quando a pessoa não faz a menor ideia do que está acontecendo com ela. 

2. AGORAFOBIA
Pode ser que você nunca tenha ouvido falar esse nome mas, apesar de pouco conhecido, a agorafobia é o transtorno de ansiedade mais comum. A característica essencial da agorafobia é o medo ou a ansiedade acentuada ou intensa em situações nas quais julga que, se sentir algo, será difícil escapar ou ter auxílio. A pessoa pode sentir medo de usar transporte público, permanecer em espaços abertos, locais fechados, ficar em fila ou em meio a uma m multidão ou, até mesmo, sair de casa sozinha. 

As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com medo intenso ou ansiedade, o que gera sofrimento e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes do indivíduo. 

Agorafobia pode se tornar extremamente incapacitante. É muito comum ela ocorrer em pessoas que sofrem de transtorno de pânico, pois elas passam a ter medo de ter a crise em locais onde não serão socorridas ou passarão por grande vergonha. Muita atenção se você conhece alguém com “medo de sair de casa”. 

3. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)

Em geral, quando as pessoas falam de ansiedade, pensamento acelerado, estão falando desse transtorno. O transtorno de ansiedade generalizada, ou TAG, é um quadro marcado por ansiedade e preocupação excessivas, que ocorrem com muita frequência e com diversos eventos ou atividades, sendo muito difícil para o indivíduo controlar a preocupação. A pessoa muitas vezes sabe que a preocupação é exagerada, em muitos casos até irracional, mas ela, ainda assim, não consegue controla-la nem deixar de se sentir incomodada por ela. 

Essa preocupação excessiva vem acompanhada de sintomas como inquietação, fadiga, dificuldade de se concentrar ou ter brancos na mente, irritabilidade, tensão muscular e perturbações no sono.

Esse é um transtorno que muitas pessoas passam com ele sem se dar conta de ter um problema. Elas acabam achando normal ser perfeccionista, preocupar excessivamente com a saúde dos filhos, com o desempenho no trabalho, com a aprovação dos outros. 

O conteúdo das preocupações vão mudando e se adequando à situação de vida e à idade. Crianças podem ser muito perfeccionistas e inseguras, refazendo tarefas por excessiva insatisfação com seu desempenho. Adolescentes podem se preocupar muito com desempenho escolar, desempenho esportivo, aprovação social. Adultos podem se preocupar muito com o futuro financeiro, saúde dos filhos, dos pais. Quando alguém adoece, pode ficar extremamente preocupado com a saúde dessa pessoa, de uma forma desproporcional e desadaptativa. 

4. FOBIA ESPECÍFICA
É o medo ou ansiedade excessiva acerca de um objeto ou situação, denominados “estímulos fóbicos”. Esse medo ou ansiedade é restrito a este estimulo, que pode ser altura, lugares fechados, algum animal, sangue, injeção. 

É um medo totalmente desproporcional, que muitas vezes causa vergonha. A pessoa até sabe, conscientemente, que aquele bicho que ela tem fobia, como um gato por exemplo, não é tão perigoso, ou que uma injeção não doi tanto assim. Mas a fobia é algo totalmente fora do controle, o estimulo fóbico dispara os sensores de alarme da pessoa e o corpo começa a reagir de uma forma completamente involuntária, fazendo com que a pessoa evite ao máximo a situação temida. 

5. TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)
O transtorno e ansiedade social (TAS) é o medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Essas situações podem ser manter uma conversa, encontrar pessoas não familiares, ser observado, falar em público. Existe um subtipo da fobia social, que é o transtorno de ansiedade social tipo somente desempenho, quando o medo ou a preocupação excessiva estão restritos a falar ou desempenhar em público. 

A característica central aqui é o medo de ser avaliado por outras pessoas. As vezes as pessoas pensam que fobia social é o medo de falar em público, mas esta é apenas uma das facetas do quadro, que pode até não estar presente em alguns casos. 

O TAS não é apenas um dos transtornos de ansiedade mais comuns, mas um dos mais prejudiciais. É um quadro que não é muito percebido pelas pessoas, uma vez que aqueles que sofrem são categorizados como mais tímidos ou reservados, mas as consequências para seus portadores podem ser bastante graves. Eles em geral: 

  • Tendem a ganhar menos e a ter menos sucesso em suas carreiras;
  • São menos propensos a casar e constituir família; 
  • A ter menos amigos;
  • São mais propensos à depressão ou a outros tipos de transtorno de ansiedade. 

As pessoas que sofrem do TAS procuram ajuda com bem menos frequência do que os de outros TAS por vários motivos, como a vergonha, que é típica do transtorno, por se acharem tímidos e pensar que o quadro faz parte da personalidade; por não incomodarem outras pessoas, há uma pressão muito menor, por parte das outras pessoas, para que busquem algum tipo de ajuda. 

6. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Mais comum em crianças, o transtorno de ansiedade de separação, também conhecido como angústia de separação, é um quadro em que o medo ou a ansiedade excessivos ocorrem envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego, como pai ou mãe. Isso pode se manifestar de diversas formas, com medo de que as figuras de apego se afaste, faleçam, recusa em dormir fora de casa ou sem estar próximo a uma figura de apego, queixas de sintomas físicos, como dor de cabeça, dor de barriga ou enjoo quando precisa se afastar, pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação. Algumas crianças chegam a não conseguir ficar em cômodos separados, sendo uma espécie de sombra dos pais. 

As crianças podem demonstrar raiva e até agredir quando são forçadas a se separar das suas figuras de apego. 

O quadro pode persistir pela vida adulta, mas a maioria das crianças tende a fiCar livre de tais sintomas com o passar dos anos. Quando persiste, os adultos tendem a ser excessivamente preocupados em relação a seus filhos e cônjuges. 

7. MUTISMO SELETIVO
O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade em que uma pessoa é capaz de falar normalmente em certas situações ou com pessoas específicas, mas é incapaz de falar em outras circunstâncias, principalmente em situações sociais. Geralmente, afeta crianças em idade escolar, mas também pode persistir na adolescência e na idade adulta.

As pessoas com mutismo seletivo podem falar fluentemente em casa ou em ambientes familiares onde se sentem seguras, mas evitam falar em ambientes como a escola, festas, reuniões ou qualquer lugar onde se sintam expostas ou pressionadas. Isso pode causar dificuldades significativas no desempenho acadêmico, no desenvolvimento social e emocional, e pode levar a sentimentos de isolamento e baixa autoestima.

Embora a causa exata do mutismo seletivo não seja totalmente compreendida, acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de ansiedade. A ansiedade social é frequentemente associada ao mutismo seletivo, pois as pessoas com essa condição podem sentir um medo intenso de serem avaliadas ou julgadas negativamente pelos outros.

É importante reconhecer que os transtornos de ansiedade são condições médicas reais e tratáveis, e que o tratamento adequado, que pode incluir terapia cognitivo-comportamental, medicamentos e técnicas de manejo do estresse, pode ajudar as pessoas a lidar com esses transtornos e melhorar sua qualidade de vida. Se você ou alguém que você conhece está lutando com ansiedade, é importante procurar ajuda profissional de um médico ou psicólogo.

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